quinta-feira, 17 de abril de 2008

O ser ético

Após uma longa e involuntária parada, cá estou eu, novamente, desmistificando as tretas cotidianas. Como já havia dito uma das inúmeras amigas do poeta: "Tem muita munição pra quem pensa que acabou". Hoje, poderia comentar casos de assassinatos ou seqüestros, como os da menina Isabella e de Madeleine, respectivamente. Mas não. Não irei cair na mesmice que está sendo apresentada pela mídia em ambos casos , requentando a notícia de forma a não conseguir levar nenhuma informação relevante aos telespectadores. Em contrapartida, irei comentar sobre o que ocorreu com o jornalista Roberto Cabrini, recém contratado pela Rede Record.
Na noite de terça-feira, Cabrini foi detido com 10 papelotes de cocaína e encaminhado para o 100° Distrito Policial. Ontem, foi transferido para o 13° Distrito Policial, pois trata-se de um apenado com curso superior. Segundo informações do Globo Online, o jornalista estaria fazendo uma suposta matéria acerca do tráfico de drogas em São Paulo quando foi surpreendido pelos policiais. No momento da prisão, Cabrini estava acompanhado de uma mulher chamada Nadir Domingos Dias, que, de acordo com o depoimento do jornalista, seria uma de suas fontes na matéria. Ela seria responsável pela entrega de fitas que comprovariam a autenticidade da versão do jornalista que, em 2006, veiculou um depoimento que seria do traficante Marcos Camacho, o Marcola. Fato que fora desmentido na época pela Secretaria de Administração Penitenciária.
Em depoimento, Cabrini acusou o delegado responsável, cujo nome não fora divulgado, de chantagem, uma vez que fora coibido a dizer que era amante de Nadir. História essa que fora confirmada pela mulher em seu depoimento. A situação do jornalista tornou-se ainda mais delicada após ele próprio ter admitido que existe uma gravação em que consome cocaína, porém, garante que o tenha feito mediante ameaças.
Por sua vez, Nadir disse que era namorada do jornalista há três anos e gostaria de encerrar o namoro, fato que não teria sido bem aceito por Cabrini, que a chantageava com documentos que comprovavam a ligação dela com a facção criminosa responsável pelos ataques em São Paulo há dois anos. Segundo ela, o encontro seria para acabar de vez com essa "chantagem mútua", como foi denominada por Nadir. Ele lhe entregaria o documento comprobatório e ela, as imagens dele usando cocaína.
Não se sabe quem é o certo, nem se realmente há um certo nessa história. O que levanto é mais uma reflexão sobre até onde pode ir a ética de cada um. Não somente relacionada ao jornalismo, mas à pessoa em si. Utilizar-se de meios como gravações escondidas é realmente a melhor maneira de fazer jornalismo? O jornalismo tem como principal função informar, denunciar ou julgar? Por tratar-se de uma pessoa bastante conhecida e muito competente, é evidente que, se for para pender por um lado, será o do jornalista, que, teoricamente, possui mais credibilidade que um traficante. Mas, e se ele realmente estiver envolvido no caso até o pescoço? Pode-se dizer que sua carreira está acabada, pois a credibilidade estará perdida. Nesse caso em particular, só um lado tende a perder. E é justamente aquele que não devia levantar suspeitas.

Um comentário:

Unknown disse...

jornalismo investigativo ;]
acho que vale tudo para se expôr as verdades !
e se o cabrini cheira, fuma , ou sei lá oq mais, que faça oq bem entender, afinal se não prejudica em sua profissão, não dá nada...
o foda de tudo isso é julgar a pessoa,como acontece em milhares de lares brasileiros, um pai que chega em casa e toma seu whisky e fica locão, não pode querer satisfação de seu filho que bebe, fuma, ou cheira...
sei lá oq é isso, hipocrisia, demagogia??
só sei que se cada um olhar pro seu próprio umbigo, muitas coisas seriam melhores !