Resguardo muito respeito à classe dos músicos. Músicos de verdade. Aqueles que criam obras para serem apreciadas, não meramente e tão somente consumidas pelo grande público. Porém, para isso, é necessário talento de berço, nascer com um dom e, então lapidá-lo de forma cuidadosa. Em contrapartida, não sou ninguém para dizer o que é ou não música de qualidade aos ouvidos dos outros. Não é meu propósito. Gostaria, sim, de enaltecer o aspecto (nem tão) independente que a música vive hoje.
Há não muito tempo, se uma banda não emplacasse músicas de sucesso em uma rádio de renome, a única certeza que se tinha era que essa banda não alçaria vôos altos na carreira. O reconhecimento musical vinha justamente disso. Hoje, com o advento de tecnologias que não eram sequer sonhadas nos primórdios do compact disk, a confecção sonora torna-se algo tão comum quanto ir à padaria. Se, há algumas tretas eu comentei sobre os contras da tecnologia na comunicação, nesse caso, me vejo obrigado a tirar o chapéu para ela. Bandas surgem com uma velocidade impressionante. Algumas delas promissoras, outras nem tanto, outras que misturam elementos criando uma sonoridade única, algumas que gostariam de tornar-se comerciais, algumas punks, outras que gostariam de ser punks.
O cenário independente, onde antes ouvia-se reclamações por não ter uma visibilidade, vive um de seus melhores momentos na história. Grandes nomes da música, com contratos igualmente grandes, renderam-se a essa independência para não sofrer na mão de corporações da indústria fonográfica. Isso, acarreta sérios problemas para quem lá trabalha, como o desemprego, por exemplo. Por outro lado, existem as gravadoras que se fundem para ainda tentar uma sobrevida. Porém, a tentativa acaba sendo em vão.
Há também aqueles que fazem o caminho inverso dessa tendência. De fato, o retorno financeiro tem voz ativa em escolhas. Charlie Brown Jr. e Marcelo D2 são os maiores exemplos desse fluxo anonimato-estrelato. Quem poderia imaginar que alguém que já esteve preso por uma suposta apologia às drogas, pudesse vir a tocar em um programa final do Big Brother, televisionado para milhões de pessoas?
A maioria dos grupos que ainda possuem vínculos com gravadoras, procuram uma sonoridade mais comercial, e acabam, muitas vezes, esquecendo-se que são músicos. Músicos de verdade. Outros, lembram-se disso e optam por um caminho que pode ser mais tortuoso, porém, muito mais prazeroso. Buscam sua própria sonoridade, fazem experimentações e não ficam muito tempo à procura da batida perfeita. É disso que a música precisa. Experimentações. Chico Science e o peso da Nação Zumbi foram (e continua sendo) um exemplo crucial de uma experimentação de sucesso. Sepultura no álbum Roots, outro. Agora, no desespero de achar algo novo, não adianta nada transformar AC/DC em psy. Isso, como já falei, não é experimentação. É enterro.
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2 comentários:
Cristiano, sou Francisco Oliveski, moro em Ijui e também faço jornalismo aqui na Unijui. Gostaria de conversarmos, pode mandar um e-mail para francisco.oliveski@unijui.edu.br. Acho que somos parentes.
Totalmente discodiais minhas opiniões em relação as tuas...
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